A CANÇÃO
Era
a flor da morte
E era uma canção...
Tão linda que só se poderia ler dançando
E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que estavam
mergulhadas as suas raízes...
Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do silêncio
Onde a morta jazia com os seus cabelos esparsos
Com os dedos sem anéis
Com os seus lábios imóveis imóveis
E que talvez houvessem desaprendido para sempre
Até as sílabas com que outrora pronunciavam meu nome...
Onde a morte jazia, na sua misteriosa ingratidão!
Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia...
(MárioQuintana)
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