TE DEUM
Nós , Senhor, nós te louvamos,
Nós, Senhor, te confessamos.
Senhor Deus Sabaó, três vezes
santo,
imenso é o teu poder, tua força imensa,
teus prodígios sem conta; - e os céus e a terra
teu ser nome e glória preconizam.
E o arcanjo forte, e o serafim sem
mancha,
e o coro dos profetas, e dos mártires
a turba eleita - a ti, Senhor, proclamam,
Senhor Deus Sabaó, três vezes santo.
Na inocência do infante és tu quem
falas;
a beleza, o pudor - és tu que as gravas
nas faces da mulher, - és tu que ao velho
prudências dás, - e o que verdade e força
nos puros lábios, do que é justo, imprimes.
És tu quem dás rumor à quieta
noite,
És tu quem dás frescor á mansa brisa,
Quem dás fulgor ao raio, asas ao vento,
Quem na voz do trovão longe rouquejas.
És tu que do oceano à fúria
insana
Pões limites e cobro, - és tu que a terra
no seu vôo equilibras, - quem dos astros
Governas a harmonia, como notas.
Acordes, simultâneas, palpitando
Nas cordas d'Harpa do teu rei Profeta,
Quando ele em teu furor hinos soltava,
Qu'iam, cheios de amor, beijar teu sólio.
Santo! Santo! Santo! - teus prodígios
São grandes, como os astros, - são imensos,
Como areia delgada em quadra estiva.
E o arcanjo forte e o serafim sem
mancha,
E o coro dos profetas, e dos mártires
A turba eleita - a ti, Senhor, proclamam,
Senhor Deus Sabaó, três vezes grande.
(Gonçalves Dias)
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