EU LUMINOSO NÃO SOU     

Eu luminoso não sou. Nem sei que haja  
Um poço mais remoto, e habitado  
De cegas criaturas, de histórias e assombros.  
Se, no fundo poço, que é o mundo  
Secreto e intratável das águas interiores,  
Uma roda de céu ondulando se alarga,  
Digamos que é o mar: como o rápido canto  
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável  
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,  
E as cobras-d'água dobram rugas no céu,  
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.  

(Soares Feitosa )

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