A RISADA

Talvez a infância me devolvesse um sonho
Em que uma cascata brumo (sol)irisada
Se desatasse em saltérios e medalhas.

Talvez nesse sonho um pássaro
Na exultação do esradiar do dia
Transbordasse com teu gorgoleio fosco
Em cambiantes solfejos de veludo.

E, dentro do sonho, eu conjurasse
Uma outra infância meta-sonhada;
E nessas co-esferas-cêntricas de êxtase
Só traspassadas de rasgões de esvôos,
Sob o coágulo da lua sonâmbula
Se despenhasse uma sobrecascata
Agora toda de entretecidos aros
A frasear-se em borbotões fulgifúmeos -
Silêncios e refrenir de harpas.

De repente, a noite porjaria tudo!
Só com umas frestas dúbias de queixumes
De uma fonte a penujar as lajes
Com dedos d'água afagando o musgo.

(Oswaldino Marques)

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