SE SE MORRE DE AMOR!
Se
se morre de amor! Não, não se morre,
(...)
Amor é vida; é Ter constantemente
Alma, sentidos, coração abertos,
Ao grande, ao belo; é ser capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
Das aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E Ter o coração em riso e festa;
E a branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso
é amor, e desse amor se morre!
(Gonçalves Dias)
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